Sempre fui meio perdida no meio das pessoas. Não sei se por escolha delas ou por escolha minha. Vai ver não é escolha de ninguém... Mas sempre foi assim. Nunca me encontrei no meio de grupos, fossem eles pequenos, médios, grandes, lotações de estádios de futebol. Continuo não me encontrando.
Eu costumava pensar que quando a escola acabasse, isso acabaria junto. Passei muitos anos em um mesmo colégio, então cresci junto dos mesmos professores, dos mesmos colegas de classe, diante da mesma atmosfera. Logo, eu pensava que, com a mudança de ares, a "falta de localização" teria um fim. Tinha alguns poucos (e bons) amigos, mas nem com eles eu me sentia completamente bem. Sempre tive essa sensação de que falta algo dentro de mim pra poder sentir integralmente essa coisa boa que eu desconheço. Não creio que seja um problema com as pessoas, mas sim um problema meu. Pois bem, a escola acabou e eu aguardei ansiosamente por mudanças. Nada mudou.
Dos poucos amigos, menos ainda foram os que sobraram. Você pode até achar que não, mas a distância e a falta de tempo causam uma mudança drástica nos relacionamentos. Falta de interesse também.
Dois anos e alguns quebrados. Nesse tempo eu conheci pessoas, fiz amizades, tive novas experiências, passei mais tempo no cursinho do que na minha própria casa. Tudo novo, tudo embalado e finalizado com laço vermelho, mas eu continuei a mesma. Piorei, inclusive.
A verdade é que eu me sinto inferior a tudo isso, e a todas essas pessoas. Eu sinto como se eu fosse incapaz de conseguir o que eu quero, incapaz de mudar. Eu não me sinto bem diante de outros pelo simples fato de que eu não me sinto bem diante de mim mesma. Eu não gosto do que vejo no espelho, não gosto do que vejo na minha alma. Eu afasto involuntariamente todas as pessoas que se preocupam comigo pois eu não acredito que elas realmente se preocupem comigo, e me afasto de todo mundo também. Eu não consigo mais confiar em ninguém, tudo o que me dizem entra por um ouvido e sai pelo outro porque eu encaro tudo como uma grande mentira, desconfio que mantenham proximidade comigo por pena e não por quererem, de fato, ter alguma ligação sincera comigo. Eu não sei se é verdade, eu não sei se estou imaginando coisas, tudo o que sei é que eu me sinto assim. Tem sido assim nos últimos quatro meses e pelo visto vai continuar sendo por bastante tempo.
Eu faço o que posso pra reverter a situação, mas é muito difícil. Eu não tenho habilidade pra expressar o que eu sinto verbalmente, então eu escrevo.
Acho que é um começo.
infinitas aleatoriedades.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
sábado, 24 de novembro de 2012
Ah como eu queria conseguir dizer tudo o que está guardado aqui que não sai de jeito nenhum que me tira noites de sono e vem me fazendo chorar todos os dias nos últimos meses ah como eu queria olhar nos seus olhos e dizer tudo o que eu sinto e como dói conviver com tamanha atrocidade como se nada tivesse acontecido já não sinto fome frio ou vontade de viver joguei tudo pro alto abri mão dos meus sonhos larguei os estudos passei por aquele lugar e sentei lembrei saí correndo correndo de mim de você e dele e e dela e de todos de todas as lembranças mas todos me alcançaram e me prenderam já não me libertam mais essa agonia que não tem fim e eu ouço todos os dias "pare" mas não consigo e não é fácil viver assim camuflada e então eu me questiono o que foi que eu fiz de errado? Por que acham que eu não sinto nada quando na verdade eu sinto eu sinto tudo eu sinto muito eu sinto o mundo inteiro e isso acaba comigo foi a primeira vez que mergulhei que me joguei que tentei dar o melhor de mim mas acho que não foi e nunca será o suficiente queria saber onde está a falha o defeito só que não sei eu pagaria qualquer preço pra que tudo voltasse a ser como era pra que eu fosse uma pessoa normal pra que isso fosse só coisa da minha cabeça eu não sei de nada mas eu sei de tudo as pequenas neuroses me atrapalham pequenas grandes enormes neuroses e meu cérebro dói e o coração mais ainda não dá pra ser altruísta mas também não consigo deixar de ser enxergo os defeitos de todos mas finjo que não e alguém já disse que o pior cego é aquele que não quer ver e sim sábias palavras eu escrevo escrevo escrevo pra me limpar de tudo isso mas não é o suficiente não foi nunca será.
sábado, 27 de outubro de 2012
Dos acontecimentos da vida
é um trator passando infinitas vezes por cima da ferida não cicatrizada
da ferida que parece que não vai cicatrizar nunca
e como dói.
da ferida que parece que não vai cicatrizar nunca
e como dói.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Cleptomaníaca de corações
Era bonita, engraçada, inteligente e talentosa. Tinha traços faciais como os de uma mocinha de porcelana.
Tinha tudo, mas o tudo não era o suficiente. Necessitava ter mais. Decidiu roubar corações. Um aqui, outro ali, cinco, dez, incontáveis. Roubava um e partia o outro.
Agia inconscientemente, jogava o raciocínio na lata do lixo. Guardava-os numa caixa, até o momento no qual se enjoava de tudo aquilo e, assim como fazia com seu raciocínio, jogava-os fora.
O delito se repetia, a cleptomaníaca achava que conseguiria suprir suas necessidades de atenção, de amor, de afeto.
A cleptomaníaca foi descoberta.
Foi acusada,
Julgada,
Condenada.
A cleptomaníaca morreu sozinha.
Tinha tudo, mas o tudo não era o suficiente. Necessitava ter mais. Decidiu roubar corações. Um aqui, outro ali, cinco, dez, incontáveis. Roubava um e partia o outro.
Agia inconscientemente, jogava o raciocínio na lata do lixo. Guardava-os numa caixa, até o momento no qual se enjoava de tudo aquilo e, assim como fazia com seu raciocínio, jogava-os fora.
O delito se repetia, a cleptomaníaca achava que conseguiria suprir suas necessidades de atenção, de amor, de afeto.
A cleptomaníaca foi descoberta.
Foi acusada,
Julgada,
Condenada.
A cleptomaníaca morreu sozinha.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Untitled
Aqui dentro eu substituo os carros, ônibus e motos por patinetes e bicicletas. Torno o trânsito menos caótico, quem manda sou eu, adeus buzinas. Xingo os motoristas mentalmente em um dia chuvoso qualquer, me encanto com o contraste entre a cidade e o céu cinza enquanto corro ensopada na avenida. O meu espaço.
Lá fora eu durmo sentada enquanto o ônibus não sai do lugar e as senhoras fofocam entre si sobre seus maridos, minha cabeça dói com tanta conversa, que saco, gente idiota. Desenho uma ponte imaginária pra me tirar dali. Uma pena, é imaginária. Bato na chuva, como se isso colocasse um fim nas gotas geladas. Reclamo, não deduzo, não invento, não abro as asas. Eu reclamo, e só. O nosso espaço.
O verde é pra se isolar, não pra se viver. É bonito, fresco, simpático. Calmo, amistoso, o canto dos pássaros enfeita a paisagem, mas eu digo que não. Destino de férias, feriado prolongado, casualidade da vida, última opção. Eu gosto é dos prédios, dos carros, da poluição e do céu cinza. Amo sentir o vento bater no rosto no fim da tarde, todos exaustos, zumbis espalhados nas calçadas, caos, discussão no metrô, conversinhas no ônibus. Irrita, cansa, mata aos poucos. Não recuso, é esse meu quadro. A obra de arte de todos os dias, em fase de construção, há de ficar bela. Lindo, lindíssimo, o melhor quadro de todos. Não troco por nada.
Lá fora eu durmo sentada enquanto o ônibus não sai do lugar e as senhoras fofocam entre si sobre seus maridos, minha cabeça dói com tanta conversa, que saco, gente idiota. Desenho uma ponte imaginária pra me tirar dali. Uma pena, é imaginária. Bato na chuva, como se isso colocasse um fim nas gotas geladas. Reclamo, não deduzo, não invento, não abro as asas. Eu reclamo, e só. O nosso espaço.
O verde é pra se isolar, não pra se viver. É bonito, fresco, simpático. Calmo, amistoso, o canto dos pássaros enfeita a paisagem, mas eu digo que não. Destino de férias, feriado prolongado, casualidade da vida, última opção. Eu gosto é dos prédios, dos carros, da poluição e do céu cinza. Amo sentir o vento bater no rosto no fim da tarde, todos exaustos, zumbis espalhados nas calçadas, caos, discussão no metrô, conversinhas no ônibus. Irrita, cansa, mata aos poucos. Não recuso, é esse meu quadro. A obra de arte de todos os dias, em fase de construção, há de ficar bela. Lindo, lindíssimo, o melhor quadro de todos. Não troco por nada.
238 palavras que queriam dizer algo e não conseguiram dizer nada.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Perco tempo demais pensando no que não fiz, pensando no que fiz e não deu certo, pensando nos amigos, pensando na morte dos vizinhos, pensando naquela vaga na faculdade que não vai ser minha, pensando no que devo colocar no currículo, pensando em qual roupa vestir, pensando em como devo gastar as economias de fim de ano, pensando em mudar o cabelo, pensando em mudar de vida, pensando em qual livro eu deixo na prateleira, pensando no amor não correspondido, pensando em orgulhar meus pais, pensando em ouvir uma música nova, pensando se bebo água ou suco, pensando naquele vestido da vitrine, pensando em comprar um chapéu mesmo sabendo que ele vai ser usado uma vez, pensando nos scrobbles da Last.fm, pensando nos festivais de música, pensando nos quadros dos museus, pensando no chafariz da praça, pensando no próximo episódio daquela série legal, pensando nas pessoas que se foram, pensando na vida, pensando nas perspectivas, pensando em ser uma pessoa melhor, pensando.
Vou morrer sem ter feito metade das coisas que eu planejei.
Vou morrer sem ter feito metade das coisas que eu planejei.
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