Aqui dentro eu substituo os carros, ônibus e motos por patinetes e bicicletas. Torno o trânsito menos caótico, quem manda sou eu, adeus buzinas. Xingo os motoristas mentalmente em um dia chuvoso qualquer, me encanto com o contraste entre a cidade e o céu cinza enquanto corro ensopada na avenida. O meu espaço.
Lá fora eu durmo sentada enquanto o ônibus não sai do lugar e as senhoras fofocam entre si sobre seus maridos, minha cabeça dói com tanta conversa, que saco, gente idiota. Desenho uma ponte imaginária pra me tirar dali. Uma pena, é imaginária. Bato na chuva, como se isso colocasse um fim nas gotas geladas. Reclamo, não deduzo, não invento, não abro as asas. Eu reclamo, e só. O nosso espaço.
O verde é pra se isolar, não pra se viver. É bonito, fresco, simpático. Calmo, amistoso, o canto dos pássaros enfeita a paisagem, mas eu digo que não. Destino de férias, feriado prolongado, casualidade da vida, última opção. Eu gosto é dos prédios, dos carros, da poluição e do céu cinza. Amo sentir o vento bater no rosto no fim da tarde, todos exaustos, zumbis espalhados nas calçadas, caos, discussão no metrô, conversinhas no ônibus. Irrita, cansa, mata aos poucos. Não recuso, é esse meu quadro. A obra de arte de todos os dias, em fase de construção, há de ficar bela. Lindo, lindíssimo, o melhor quadro de todos. Não troco por nada.
Lá fora eu durmo sentada enquanto o ônibus não sai do lugar e as senhoras fofocam entre si sobre seus maridos, minha cabeça dói com tanta conversa, que saco, gente idiota. Desenho uma ponte imaginária pra me tirar dali. Uma pena, é imaginária. Bato na chuva, como se isso colocasse um fim nas gotas geladas. Reclamo, não deduzo, não invento, não abro as asas. Eu reclamo, e só. O nosso espaço.
O verde é pra se isolar, não pra se viver. É bonito, fresco, simpático. Calmo, amistoso, o canto dos pássaros enfeita a paisagem, mas eu digo que não. Destino de férias, feriado prolongado, casualidade da vida, última opção. Eu gosto é dos prédios, dos carros, da poluição e do céu cinza. Amo sentir o vento bater no rosto no fim da tarde, todos exaustos, zumbis espalhados nas calçadas, caos, discussão no metrô, conversinhas no ônibus. Irrita, cansa, mata aos poucos. Não recuso, é esse meu quadro. A obra de arte de todos os dias, em fase de construção, há de ficar bela. Lindo, lindíssimo, o melhor quadro de todos. Não troco por nada.
238 palavras que queriam dizer algo e não conseguiram dizer nada.
i don't belong here. é o que eu canto em cada passo que dou nessa vida.
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